Está longe a época onde em uma reunião literária, Mário de Andrade surpreendeu a todos com a seguinte definição: “Conto será sempre aquilo que seu autor batizou de conto”. E assim, Andrade deu um chute filosófico na história da literatura brasileira.
O homem desde o começo do mundo até os dias atuais, sempre procurou dar definição e qualificar tudo e todos. E como não poderia deixar de ser, também essa mania se faz presente na literatura universal.
Desde a Antigüidade Grego-Latino, o Medievalismo, até a Idade Contemporânea (o Modernismo da segunda fase, nosso período atual), passamos por diversos períodos e estilos de épocas denominados “Escolas Literárias”. Assim, observaremos inúmeras mudanças no interior das obras e suas atitudes estéticas; a preferência por determinados temas, modo de narrar, escolha de elementos para compor as imagens, opção por tipos diferentes de versos, etc. Notaremos também, que cada escritor tem (ou teve) a sua maneira de responder, do seu ponto de vista, àquelas pressões de cada tempo. São marcas de vento soprando pela história e cultura do homem.
Existe porém, nas Artes em geral, uma “Lei” (simbolicamente falando), afirmando que tudo que se cria é uma Obra. Evidente que depois deverá avaliar-se o seu conteúdo, estilo, valor, dentre outras coisas. Todavia, a Obra é uma Arte e deve ser respeitada como tal, desde que haja argumento, ou seja, que seu autor convença que sua criação possa ser incorporada no contexto social-artístico.
Assim, baseado nas inúmeras Escolas Literárias - onde cada autor tem o seu estilo de escrever, recursos estéticos manias dentre outras coisas - e da “Lei” já citada, queremos aqui expressar a nossa opinião sobre o que é literatura.
Desculpem-me os estudiosos literários se falarei alguma asneira, mas do nosso ponto de vista, para definimos a mesma, pegaremos uma carona no pensamento de Mário de Andrade: Literatura é tudo aquilo que um autor escreve e batiza como literatura!!!
Emílio Figueira
Texto publicado originalmente nas orelhas do livro “Nostalgia de Futuro e outros contos em 1998.