CONFISSÕES DE UM BOM MALANDRO! - Memórias

APRESENTAÇÃO

Na minha infância eu morava em um apartamento no bairro do Bom Retiro com meus pais e irmãs. No andar de cima havia um casal, Jorge e Ilda e seus filhos Andréia e André, que foram meus amigos de muitas brincadeiras e momentos. E no andar de baixo moravam os pais dele, seu Guerra e dona Encarnação, um casal de portugueses.

Jorge era amigo de longa data de meus pais. Na década de 1990, quando eu morava em Bauru e vinha passar férias na casa de minha mãe e irmãs, peguei uma amizade muito forte com ele, mesmo com a nossa diferença de idade. Passávamos tardes inteiras conversando sobre projetos, ideias, ele me incentivava na literatura. O que me marcou mesmo foram nossas conversas sobre coisas espirituais, sempre respeitando a crença um do outro.

O tempo passou, minha mãe mudou-se do prédio, Jorge se mudou-se de São Paulo. Mais de uma década se passou onde trocamos apenas um ou dois e-mails. Eu tinha muita vontade de reencontrá-lo para contar tudo que aconteceu comigo e tirar umas dúvidas até metafísicas, assuntos que eu só ficava à vontade de compartilhar com ele.

No início de 2017, comecei a pensar em lhe escrever um e-mail com esses assuntos.  Por várias atividades e projetos fui postergando, até que em outubro viajei para cumprir uma agenda no Rio Grande do Sul. Deixei anotado em minha agenda que assim que eu voltasse lhe escreveria.

Ao voltar, fui surpreendido pela notícia dada por minha mãe que Jorge morrera repentinamente durante uma cirurgia. Ele se foi sem saber o que eu tinha a lhe contar. E mais uma vez a vida me ensinou que quando sentirmos de falar algo a alguém não se pode deixar para depois...

Agora, ao escrever CONFISSÕES DE UM BOM MALANDRO, eu quis desenvolver uma linguagem como se fosse um bate-papo com o leitor, contando coisas que gostaria de narrar em minhas palestras, entrevistas, conversas em salas de aula ou em rodas informais, mas não consigo por causa da minha dificuldade de dicção.

Então, dedicar esta obra à memória de minha tia Iracema Soares Faria e do meu saudoso amigo Jorge Antônio Vaz Guerra, é o mesmo que puxar simbolicamente cadeiras para eles se sentarem no meu figurativo Bar da Esquina e ouvir muitas das coisas que deixei de lhes relatar...

E você que está abrindo este livro, também lhe convido à mesa. Puxe uma cadeira, sente-se com a gente, peça mais um copo ao garçom, porque a boa prosa já vai começar!

LEIA O PRIMEIRO CAPÍTULO

Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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