O Cano E A Água


– Eu queria saber quem inventou o cano? – Perguntou a água indignada.

– O que você tem contra mim, hein, dona água? – Invocou o cano.

A água respondeu-lhe:

– Fui feita para correr livre pelos rios e mares e não presa dentro de você.

– A senhora pensa que eu também não sofro?

– Como assim, senhor cano?

E o cano contou-lhe:

– Sou feito de ferro retirado da terra, levado para uma metalúrgica, derretido e transformado em cano, que você, água, vive enferrujando.

– Se eu vivo enferrujando o senhor, por que então não me deixa correr livre como sempre foi o meu destino?

O cano, refletindo um pouquinho sobre esse pedido, não teve dúvidas. Aproveitando um certo ferruginho, não hesitou: Transformou-o em um furinho!

Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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