Se isto fosse uma fábula, começaria assim...
Era uma vez, uma criança que nasceu com paralisia cerebral com sérias consequências na fala e movimentos.
Alguns médicos até disseram que a criança nem seria alfabetizada.
Só que esta é uma história real. A minha história.
Aos cinco anos, minha família me ensinou a ler, usando a cartilha Caminho Suave.
Peguei fascínio pelas letras e já decidi logo cedo que seria um escritor. Aos sete anos, produzia muitos rabiscos e rascunhos. Estudava em escolas públicas quando, aos doze anos, meus primeiros textos e poemas começaram a ser publicados em jornais.
Passava horas em mesas de bibliotecas lendo. A leitura foi fundamental em minha vida e construção.
E o modelo de escritor que eu tinha na época, era daquele cara que enviava os originais às editoras, era publicado e lido em todo o país, nas escolas.
O tempo passou. Aquela criança que nem seria alfabetizada, hoje tem três faculdades, seis pós e dois doutorados. São mais de noventa livros publicados. Cento e quatro artigos científicos e textos para teatro e cinema.
Só que, nesses quase quarenta anos dedicados à pesquisa e militância pelos direitos das pessoas com deficiência, minha produção literária passou despercebida.
Elaborava minha obra solitário, como quem coloca mensagens em garrafas e a atira ao mar na esperança de um dia ser encontrado.
Nesse tempo, surgiu a internet e a autopublicação. Ao mesmo tempo em que todos ficaram livres para publicar seus textos, poesias e livros para o mundo, paradoxalmente, cada autor virou sua própria e pequena ilha de leitores.
Ao passar de cinquenta anos, o sonho daquele menino de ser um escritor voltou a gritar.
Adaptando aos novos tempos, agora criei o site Folhetins Emilianos com todos meus escritos infantis, juvenis, contos, novelas, romances e memórias. Como a experiência de um streaming a ser lido.
E com o tempo, tornarei minha ilha Folhetins Emilianos em um continente literário.
Essa é a fábula real do menino que nem seria alfabetizado, mas sonhava ser um escritor.
Por isto, nunca permita que alguém diga ou determine o que você será na vida.