O MENINO QUE DECIDIU SER ESCRITOR



Texto e ilustrações Emílio Figueira

Bernardo era um menino de 10 anos, cabelos castanhos curtos e olhos castanhos expressivos, postura ereta e um sorriso cativante. Sempre com roupas confortáveis, como camisetas, bermuda e chinelo. Adorava passar horas jogando no celular e no console de videogame na televisão. Ele sempre estava em busca de novos jogos para experimentar e era considerado um dos melhores jogadores entre seus amigos quando disputavam online.

Um dia, enquanto passeava com sua cachorra pelo condomínio, Bernardo viu um senhor sentado em um banco, tomando sol. Um homem magro, cabelos cheios, encaracolados e grisalhos, um grande bigode. Estava com óculos na ponta do nariz, lendo um livro em suas mãos. 

Todos sabiam que aquele senhor que ele era um escritor bastante famoso e o menino ficou curioso sobre o que ele estava fazendo ali. Então, sempre muito comunicativo, Bernardo se aproximou, sentou-se no banco ao lado e começou a conversar com o senhor.

Conversa vai, conversa vem, Bernardo lhe revelou:

— Eu amo jogos eletrônicos e desejo escrever um livro sobre o assunto. Seu Vitor, como se escreve um livro?

O senhor, então, lhe respondeu simpaticamente:

— Veja bem, Bernardo. Bom, primeiro alguém tem que ter uma ideia para uma história emocionante ou um assunto interessante. Depois, essa pessoa começa a escrever em um papel ou computador o que vem à mente. Mas isso é apenas o começo.

Bernardo ficou animado com uma ideia e, ao chegar em casa, ligou o computador da sala e começou a escrever, concentrado, sem parar. Seus pais até ficaram admirados com aquilo por ele nunca ter o hábito de escrever.

Mas, quando ele terminou de escrever, ele se esqueceu de salvar o arquivo. Ao desligar o computador, tudo o que ele havia escrito foi perdido. Bernardo ficou frustrado:

— Também não quero escrever mais nenhum livro... Chega!!!

Pensou em desistir, mas ele se lembrou do que o Vitor havia dito sobre persistir e decidiu tentar mais uma vez.

Dias depois, ao se encontrar com o senhor novamente, o experiente escritor, parecendo um mago, explicou-lhe:

— Que bom, Bernardo. Agora o segundo passo para escrever um livro é a arte da reescrita. Trabalhar no texto, corrigindo, cortando partes e acrescentando novos conteúdos até chegar à versão final. E, depois da escrita, a produção de um livro deve ser um trabalho em conjunto.

Então, Bernardo levou seu texto para sua professora de português:

— Professora, estou escrevendo um livro sobre jogos. Você pode me orientar na produção da versão final do texto? 

— Legal, Bernardo, também queremos participar disso.

Disse uma de suas amigas de classe. Seus colegas se envolveram no projeto e pesquisaram sobre como é feito um livro. Eles ilustraram, diagramaram e construíram a capa, e o livro foi lançado digitalmente no site da escola.

Todos gostaram muito do livro e Bernardo ficou muito orgulhoso de seu feito. Ele decidiu convidar o senhor do condomínio para fazer uma palestra em sua escola. O pátio do colégio estava lotado para ouvir o que o Vitor tinha para contar. E ele narrou:

— A arte de escrever criançada é como pintar um quadro com palavras. Quando escrevemos, escolhemos as palavras certas para contar uma história ou explicar uma ideia. É como se estivéssemos desenhando uma imagem na mente de quem lê. A escrita é uma maneira de compartilhar nossos pensamentos e sentimentos com os outros. Mas, assim como um artista precisa praticar muito para pintar um quadro bonito, também precisamos praticar a escrita para melhorar. É uma arte que requer paciência, dedicação e muita imaginação.

Depois disso, Bernardo sentiu que gostava tanto de escrever quanto de jogar. Ele decidiu que queria fazer da escrita sua futura profissão e, quem sabe, ainda escrever muitos livros sobre jogos eletrônicos.

FIM

Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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