Em determinado momento, Tereza reuniu a nossa turma e pediu a atenção de todos.
- Nós iríamos preparar uma nova peça para apresentar a vocês. Porém os acontecimentos e correrias dos últimos dias não nos permitiram. Mesmo assim, gostaríamos de dizer algumas palavras.
Marcelo, voltando a se reanimar aos poucos com o passar dos dias, começou dizendo:
- Durante uma época de nossas vidas, o tempo passou e não vivemos...
Isaura continuou:
- Mas a partir do momento em que passamos a conviver com vocês, de igual para igual, descobrimos um outro lado da vida.
- Fomos capazes de romper nossos próprios limites, desafiando o mundo desconhecido e as coisas que a juventude pode oferecer. - Declarou José, como se estivessem todos ali fazendo um verdadeiro jogral.
E Márcia observou:
- Esse convívio foi muito bom e importante. O interessante é que descobrimos que podemos fazer todas as coisas juntos.
A palavra voltou para Tereza:
- Hoje somos felizes por ter amigos como vocês e gostaríamos de agradecer por isso.
Um rapaz falou da plateia:
- Nós que gostaríamos de agradecer tudo o que vocês nos proporcionaram. Aprendemos muito com vocês e respeitamos suas garras, vontades e força de luta. Acreditamos também que juntos podemos fazer todas as coisas. A vocês, toda a nossa admiração...
Muitas palmas. Uma moça subiu ao palco, pedindo a atenção de todos:
- Nosso grupo teatral do colégio se profissionalizou. Gostaríamos de convidar você, Tereza, para vir somar conosco no próximo ano numa turnê pelo país.
- Nem sei o que dizer... - Declarou Tereza indecisa.
- Não diga, aceite... - Gritei da plateia.
E todos começaram num só coro:
- Aceita, aceita, aceita...
- Está bem, eu aceito o convite.
Muitas palmas. Rosemeire subiu ao palco abraçada a Roberto, dizendo:
- Bem, já que o momento é de festa, nós dois gostaríamos de comunicar o nosso noivado.
Muitos cumprimentos. Buquês de flores foram entregues à Vânia, Celinha, Rosemeire e outras funcionárias do Centro. Mas a surpresa maior, veio da boca da minha ex-turma:
- Esse ano houve uma pessoa especial que nos ajudou muito. Ele foi mais que um professor. Foi um companheiro... E queremos que ele venha receber uma pequena lembrança nossa e fazer o seu discurso de despedida. O palco é todo seu, Vítor!
Tomei coragem e fui até lá. Recebi um cartão-de-prata com a seguinte frase: “Que este adeus ressoe sempre em seu coração, pelo reflexo da saudade que já se faz presente”. E emocionado, disse-lhes:
- Vocês podem me perguntar o que aprendi com tudo isso... Pois bem, vou contar. Este ano que convivi com vocês, descobri um novo mundo. Um mundo às vezes monótono, às vezes agitado ou até mesmo desanimador. Mas, acima de tudo, emocionante. Apesar de estudarem todos juntos, cada um têm os seus problemas e dificuldades, como também sua potencialidade e criatividade. Muitas vezes é difícil não se envolver nisto e se tornar mais que um professor: um amigo! Hoje a conclusão a que chego é que muitos desses problemas podem ser resolvidos a partir de uma participação e um bom relacionamento com outras pessoas, o que derrubará inúmeros preconceitos por parte de ambos. A vida nem sempre nos proporciona apenas alegrias e vitórias. Há também os insucessos, as frustrações e dificuldades. Porém é preciso continuar lutando, seguindo sempre a linha do otimismo. No próximo ano, cada um seguirá o seu caminho... E certamente, na vida, serão todos campeões!!!
FIM