PARTE CINCO: DE MÃOS DADAS NO CONVÍVIO COTIDIANO

 



A AMIZADE COMO FORMA DE INCLUSÃO SOCIAL E TROCA DE EXPERIÊNCIA

Sempre acreditei que uma grande forma de inclusão social e conhecimento da realidade, é termos e mantermos pessoas como João, Carlos, Alex, Aninha, Maria e Jonas em nossos círculos de amizade. Será uma forma de ambos se conhecerem como de fato são, quebrando assim, muitos mitos e os tradicionais preconceitos.

Viver em grupo é uma necessidade nossa, seres humanos. E nada expressa melhor isso do que a amizade. Durante todos os períodos de nossas vidas, temos amigos; infância, adolescência, idade adulta e velhice. Poderá haver uma ciranda, principalmente em cidades grandes, onde conhecemos inúmeras pessoas que entram e saem de nossas vidas de maneira mágica, se assim posso dizer; alguns até por interesses profissionais, o que você verá mais tarde em sua vida.

Embora nem sempre são os mesmos, mas sempre é importante a figura dos amigos. Há aqueles amigos, geralmente constituídos nas duas primeiras fases de nossas vidas, que entra ano e sai ano, estão sempre presentes em todos os momentos. E como é bom essa presença, você não acha!?

Pois para uma pessoa com deficiência, esse círculo de amizade torna-se ainda mais valioso, uma ajuda inevitável…

Quero também fazer duas reflexões neste sentido. Há aquelas pessoas que nascem ou adquirem uma deficiência no início de suas vidas e há aquelas que adquirem ao longo do percurso, principalmente por acidentes, como já vimos. No primeiro caso, a pessoa já cresce consciente de sua limitação, desafiando seus próprios limites; realiza tudo com naturalidade, escola, brincadeiras, crescendo entre a sua turma e participando normalmente de todas as atividades de acordo com sua condição.

Já aquele que adquiriu uma deficiência, terá que passar por um longo processo, começando pela aceitação de sua nova condição, como lidar com isso, “reaprendendo” a viver com sua nova realidade e dentro de suas novas possibilidades. Para esse segundo caso, também poderá ocorrer de forma natural o afastamento de seus amigos comuns, não por maldade, mas por estarem dando prosseguimentos em suas vidas rotineiras. Sobrarão sim, alguns poucos e sinceros amigos, que o acompanharão em seu processo de reabilitação e, mesmo sem saberem, terão uma participação praticamente invisível, porém fundamental. Serão eles os principais responsáveis na reintegração social dessa pessoa, a partir do momento que passarem a aceitá-lo e incentivá-lo a participar em suas atividades, mesmo as mais simples como passeios, por exemplo.


Toda forma de amizade entre as pessoas ou com os animais é válida!  /Imagem Google

Todavia, para termos amigos com deficiência em nossas rodas sempre é bom termos consciências de algo. Geralmente, uma pessoa com alguma limitação, dependendo o grau e tipo, ao sair em público, ela se torna o centro das atenções, motivo de curiosidade natural de todos. Dessa maneira, aquele que o acompanha, também será o centro de muitos olhares. Em alguns casos, a pessoa precisará de auxílio para realizar algo, ao entrar em algum lugar. Certamente os amigos não medirão esforços, tendo boa vontade para tal. Importante também, respeitar as suas limitações, como por exemplo, numa caminhada, andar dentro do seu ritmo.

Para ser amigo de alguém com deficiência, a pessoa tem que ter muita cabeça para isso, livre de preconceitos, além de ser algo de enriquecimento e conhecimento à convivência e a alma humana!

Ter amizades com pessoas com algum tipo de deficiência é uma sugestão que lhe faço… Pelo menos, você deve tentar conhecer o que realmente são essas pessoas, seja qual for sua deficiência. Em todo o Brasil, temos muitas entidades que vem desenvolvendo importantes trabalhos na área de atendimento e reabilitação. Elas estão sempre abertas à visitação. Combine com seus amigos ou a turma do colégio, reservem um dia e visite uma delas para poder tomar contato com a realidade dessas pessoas. Saibam, porém, de antemão, que vocês não encontrarão aquele clima de tristeza ou terror que foram repassados durante muito tempo para a sociedade por falsos mitos. Encontrarão sim, um clima de muita alegria, expectativa, sérios e importantes trabalhos de reabilitação sendo realizados e, acima de tudo, muito sorriso amigáveis. Tratando-os com tratamos os demais amigos, descobriremos inúmeras qualidades e potencialidades, com isso desaparecerão as diferenças provocadas pelas limitações, pois você aprenderá a respeitá-las. Será um mundo completando o outro. Assim a inclusão e a aceitação ocorrerão naturalmente.


Propostas de Atividades:

 1) Pessoas com deficiência sempre se reúnem em grupos descontraídos ou em entidades, com por exemplo, os paralímpicos. Baseado no texto acima, organize com a sua classe ou turma de amigos uma visita a uma ou mais entidades de sua cidade. Mas não se esqueça de entrar em contato com a Direção da Entidade antes, explicar suas intenções e fazer tudo de maneira agendada.

2) Ou faça ao contrário: convide o pessoal de uma entidade à vir conhecer a sua escola. Com a permissão de seus professores ou diretor, prepare uma recepção amigável a eles.

3) E, nessas duas possibilidades, organizem uma roda de bate-papo bem descontraído entre vocês e, se possível, até algumas brincadeiras. Aliás, as duas visitas poderão ser realizadas. Vocês vão até as entidades deles e depois eles vêem até a escola de vocês como uma forma de pagarem a cortesia. Ou vice-versa.

4) Depois da(s) visita(s), faça uma redação relatando a experiência. Ou faça uma grande roda com seus colegas e realizem um debate, trocando aprendizados sobre o fato vivido.


Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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