O HOMEM QUE AMOU EM SILÊNCIO - Entre o passado, o presente e a fantasia!

 

Romance juvenil que já foi adotado em várias escolas no Brasil, ganha a sua terceira edição. Leandro é um executivo bem-sucedido que engrossa a fileira de pessoas solitárias nas grandes cidades. Para lidar com a solidão, lembra-se de um antigo amor não vivido, e passa a fantasiar sobre como a sua vida teria sido diferente se tivesse lutado por aquele amor. As suas fantasias são tão perfeitas que chegam a se confundir com a realidade. O livro nos leva a reflexões existenciais que fazem renascer do inconsciente os nossos sonhos irrealizados. 

Mudar a realidade que nos cerca é uma questão de atitude, segundo o crítico literário Rubens Castro que escreve no prefácio: "São páginas escritas de forma concisa e em uma linguagem mista, dirigida tanto aos adultos, mas que pode ser facilmente absorvida por jovens que estão naquela fase de "querer mudar o mundo!". E a obra mostra isto. Aliás, essa é a melhor fase para apresentar tais conceitos de participação, união, políticos e valores éticos aos jovens. Fazê-los ter a noção que as mudanças precisam começar por ações pequenas, ir ganhando tamanho e agregando pessoas, até atingirem dimensões imagináveis".

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PREFÁCIO

UM PEQUENO LIVRO COM GRANDE CONTEÚDO PARA A EDUCAÇÃO

Dias atrás, recebi pelos correios um pequeno livro acompanhado por uma cartinha bem simpática. Confesso que nunca havia ouvido falar desse autor, Emílio Figueira. Pelas suas gentis palavras que educadamente me pedia para ler sua obra, “O homem que amou em silêncio – Entre o passado, o presente e a fantasia!”, achei por bem lê-la, o que está me inspirando a escrever esta resenha de forma livre e sem compromisso com o academicismo. Mesmo porque já estou aposentado.

À princípio, sua narrativa, construída de forma sutil e um vocabulário simples, sem ser simplista, parecia-me mais uma dessas histórias corriqueiras. Um bem-sucedido executivo solitário (como muitos que hoje em dia engrossam as filas da vida contemporânea!), falando de um amor frustrado da época da faculdade. Só que o enredo ganha corpo no segundo capítulo. A obra passa a ter dois planos psicológicos, alternando-se entre o presente do protagonista e suas fantasias de uma vida que não se realizou que, construídos de forma cuidadosa, chega a confundir o leitor sobre o que é delírio ou realidade do personagem central.

No mundo imaginário de Leandro é onde ele se realiza sentimentalmente. Porém esse realizar-se no amor passa a ser uma coisa menor. O ponto alto é quando ele vai de encontro a uma comunidade de pessoas simples; pessoas como as demais que vivem em todas as partes e passam despercebidas por serem da baixa classe social. Elas mesmas parecem não se auto perceberem, vivem um cotidiano puramente rotineiro e sem nenhuma autoestima. Alienadas, creem que suas vidas sejam um fato consumados e, nunca tomam atitude por si mesmo para transformar a realidade que as cercam.

Só que Leandro passa a acreditar no potencial delas, incentiva-as com o despertar de cidadania e direitos. E, a partir disso, a união deles promove uma grande transformação que o leitor se surpreenderá!

Assim que acabei de ler o livro, coloquei-o em cima da mesinha ao lado e fiquei refletindo na minha poltrona. O que fizemos de nossas rotinas diárias? Contaminamo-nos tanto pelo individualismo, passamos a ser estranhos uns aos outros que, ao ler uma obra que fala de união coletiva a favor dos menos necessitados, sentimos vergonha dos nossos próprios egoísmos. O que estamos fazendo para transformação social ao nosso redor? Nada. Apenas sentamos no sofá e reclamamos de tudo.

Por isto, digo que essa obra precisa ser lida por jovens estudantes, uma vez que ela resgata valores como respeito aos mais pobres e humildes, sentimentos de união, participação e transformação da realidade que só ocorrerá por meio da noção que somos todos responsáveis por aquilo que está em volta. E a obra ainda nos oferece várias noções de política. Em certa parte, Figueira chega a destacar que a história não é algo imóvel; é dinâmica, feita por pessoas e, como somos seres em constante movimento, a história se transforma a cada momento em que acreditamos em nós mesmos!

Talvez tenhas sido preocupação mesmo desse autor atingir o público que está em formação. São páginas escritas de forma concisa e em uma linguagem mista, dirigida tanto aos adultos, mas que pode ser facilmente absorvida por jovens que estão naquela fase de “querer mudar o mundo!”. E a obra mostra isto. Aliás, essa é a melhor fase para apresentar tais conceitos de participação, união, políticos e valores éticos aos jovens. Fazê-los ter a noção que as mudanças precisam começar por ações pequenas, ir ganhando tamanho e agregando pessoas, até atingirem dimensões imagináveis. E, por sua formação em psicologia e psicanálise, esse autor esboça esses elementos de forma natural (às vezes, intencional mesmo!) no contexto da obra. Inclusive Ivan Beteto escreve na última capa: “Com extraordinária habilidade esta obra nos conduz para reflexões existenciais, por vezes psicanalítica, que chocam o leitor com seus desejos irrealizados mais profundos”.

“O homem que amou em silêncio” conta com outros personagens e surpresas que eu gostaria de comentar, mas estragaria um pouco o prazer da leitura e descobertas do leitor. De forma geral, o livro representa por meio do personagem Leandro o arquétipo do nosso lado acomodado, quando só nos realizamos nas fantasias. Ou melhor dizendo, quando eu era jovem, meu pai já dizia: O impossível é apenas uma coisa possível que ainda não tentamos realizar. Basta nos colocarmos em movimento!

Dr. Rubens Castro

Advogado, crítico literário e professor universitário aposentado, especial para o Portal Planeta Educação em outubro de 2010


Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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