Capítulo 13 - O REFLORECER DO ESPÍRITO DO VOLUNTARIADO CRISTÃO E HUMANITÁRIO

O tempo passou. Se perseguir o interesse próprio foi a grande propaganda do último século, percebeu-se que o ser humano não era apenas seguir os desejos individuais, o que fez morrer aquela ideia de felicidade ocidental, pois temos a tendência a sentir compaixão uns pelos outros. Somos seres empáticos. A compaixão nos dá prazer. Somos também coletivos. Formamos comunidades de todos os tipos, o tempo inteiro. As pessoas deixaram os mundos virtuais e seus narcisismos, e, cada vez mais, voltaram a querer fazer parte de algo maior do que elas mesmas.

Rutger Bregman, historiador holandês, escreve: “Ao longo do tempo, nós costumamos acreditar que a natureza humana é cruel e desonesta. Essa ideia interessa muito para quem está no topo, como os políticos, certos líderes religiosos e pessoas com interesses escusos. Eles sempre quiseram que nós acreditássemos que as pessoas não são confiáveis e elas precisam de chefes poderosos para nos manter sobre controle. E podemos revolucionar a sociedade se tivemos consciência e não concordar com isso. (...) O que você pensa sobre as pessoas é o que acaba conseguindo delas. Se presumir que a maioria é egoísta e que o mundo é um lugar horrível, você organiza sua sociedade em torno dessa ideia. Isso produzirá o tipo de pessoa que sua teoria pessoal pressupõe. A mudança acontece quando começamos a contar um tipo diferente de história”.

Historicamente, por todo o mundo, houve movimentos de empatia coletiva com momentos de grande êxito. Em outros, sofreram um colapso e desapareceram, como no Holocausto e no genocídio de Ruanda. As pessoas redescobriram que poderiam agir juntas. Fazendo esse exercício de se colocar no lugar do outro, é possível, sim, mudar o mundo.

De tempos em tempos, surgem pessoas que se organizam para desafiar atitudes de injustiças. E muitas dessas pessoas eram motivadas pela empatia. Perceberam que a paz e as revoluções não são construções de acordos políticos. E sim conquistada pelas raízes das relações humanas, desmontando ignorâncias e preconceitos pelo potencial no diálogo para comandar mudanças profundas nas sociedades.

Toda essa onda de narcisismo sufocava o amor verdadeiro próprio, o verdadeiro amor romântico e o verdadeiro amor ao próximo!!!


O movimento “Cristãos Sem Bandeiras” fez renascer sentimentos e práticas de altruísmo, filantropia e solidariedade. Não era mais preciso esperar dezembro chegar, mês tão especial, época em que se despertava necessidade de “se fazer o bem”, “ser caridoso”, “ajudar os necessitados”. Realizar campanhas de arrecadação de donativos – roupas, brinquedos, alimentos – se multiplicam e que as pessoas sentem-se mais propensas a dar um pouco do que têm àqueles que nada têm. Finalmente, ao longo de todo o ano, nascera ou fora reconstituído o verdadeiro amor ao próximo abordado pelo cristianismo.

Uma atitude altruísta consiste em um comportamento de ajuda a companheiros que se encontram em necessidade ou em perigo. O altruísmo não é uma característica exclusiva do ser humano, pode também ser encontrada nos animais, especialmente nos mais evoluídos, verificado em aves (corvos, por exemplo) e em mamíferos. Um animal altruísta é o golfinho, que ajuda um companheiro ferido a se manter boiando, e o alimentam e protegem de ataque de predadores como tubarões. Muitos golfinhos também salvam seres humanos em afogamento.

Ser altruísta é ajudar o próximo, ou seja, ser solidário com as emoções e sentimentos alheios, dando o máximo de apoio para que a outra pessoa consiga superar os seus obstáculos e ser feliz. Este ato é feito sem esperar absolutamente nada em troca. A recompensa que o indivíduo altruísta recebe por suas ações é ver o sorriso no rosto daqueles que conseguiu ajudar.

A história está cheia de exemplos de pessoas altruístas que melhoraram partes do mundo. E se existe uma personalidade que mudou totalmente o modo como as pessoas enxergam o mundo, este foi Jesus Cristo, personagem central da fé cristã que inspira as pessoas há mais de dois mil anos! As suas ações estão narradas na Bíblia e, muitas delas, mostram verdadeiros exemplos de como ser altruísta. Jesus é conhecido por ter morrido na cruz para livrar a humanidade de seus pecados. Metaforicamente, este ato santo de Cristo é a base do conceito do altruísmo: o sacrifício em prol do próximo, isso quer dizer, deixar de fazer algo pensando exclusivamente no seu bem-estar e contribuir para a felicidade alheia. 

Jesus foi o primeiro a defender as minorias. Jesus não era religioso, era humanitário. Para Ele era mais importante fazer o bem do que seguir costumes ou estar preso em bolhas religiosas. Pois o conceito de um Deus misericordioso aparece em várias religiões, incluindo Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. O ato de realizar ações de misericórdia como um componente da crença religiosa também é enfatizado através de ações como a doação de esmolas, o cuidar dos doentes e as obras de misericórdias. 

Jesus Cristo pregou como ninguém a misericórdia, um sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia. A expressão misericórdia tem origem latina, é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). "Ter compaixão do coração", significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas.

Conceder misericórdia a alguém é perdoá-la pelo simples ato de bondade. Como a Misericórdia Divina é Deus perdoar os pecados, apesar das faltas cometidas pelos pecadores.

Carregar a bandeira da misericórdia é quando o indivíduo tem bondade no coração, é a pessoa que está sempre pronta para ajudar o outro, preocupa-se com o outro, sem segundos interesses, é o chamado bom samaritano.

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Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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