16 - UMA REALIDADE INSATISFATÓRIA

  Adriana resolve marcar um horário com Cátia para uma conversa:

- Depois que assisti aquela sua palestra que vim aqui com o Almir, fiquei muito pensativa. Engraçado que eu consegui tudo que queria na vida e até mais. Só que não me sinto completa. Parece que cheguei num ponto e tudo está parado. E ao mesmo tempo há uma energia dentro do meu eu querendo mais. Querendo descobrir novas possibilidades. Entende, Cátia?

- Entendo, Adriana. É comum passar por momentos de estagnação durante a vida. Haverá períodos de ócio ou de incerteza em sua jornada pessoal, principalmente quando se busca superar um desafio de proporções grandiosas como o cargo que você ocupa agora.

- Então, estou até namorando o Almir, um cara bacana. Só que não me sinto completamente feliz. – Confessa a executiva, que já há algum tempo começou a ter noção que é apenas mais uma em uma sociedade onde o sujeito na presente busca do sucesso financeiro, ao lado da liberdade material conquistada ao longo da história do ocidente, as pessoas se isolam cada vez mais uns dos outros. 

- Adriana, não é exatamente o seu caso. Mas para muitas pessoas, os processos de infelicidade também funcionam como um momento para amadurecer, pensar e repensar as atitudes, os projetos. Por meio dessa perseguição futura da felicidade, surgem muitas de nossas angústias. 

- Sim, Cátia, tenho me sentido angustiada sem saber o motivo.

- Basicamente, nossas angústias surgem no exato momento em que percebemos estar em uma situação totalmente sem saída. E, no meio de momentos angustiantes, encontraremos forças internas, soluções e forças para agir que nós mesmos desconhecíamos possuir. E a partir das soluções de nossas angústias, podemos alcançar encontrar, soluções como uma perspectiva de melhorar de vida.

- Estou lhe entendendo, Cátia.

- Pois é Adriana. Sentimentos iguais ao que você está vivendo são benéficos quando funcionam como “despertadores”, auxiliando você a deixar uma realidade insatisfatória. Ou seja, o ajudam a inovar e fazer as mudanças necessárias para obter o resultado desejado. Se a vida fosse composta somente de sucessos, alegrias e vitórias, não haveria necessidade nem sentido em tentar ser uma pessoa melhor.

- E como posso identificar as mudanças que preciso fazer, Cátia?

- Esse é um processo que já começou inconscientemente dentro de você. Apenas dê tempo ao tempo e ouça os sinais de sua mente e coração. No momento certo, você saberá o que fazer!

* * *

Morielle passa nos testes e começa a trabalhar como auxiliar administrativa no hospital. Aquilo contribui muito para o aumento de sua autoestima.

Com pouco mais de cinquenta anos de idade, ela está na contramão de muitas pessoas que, dependendo do tempo de contribuição ou de alguma inabilidade, a insegurança da meia-idade acontece, geralmente, no mesmo período da aposentadoria. Parar de trabalhar pode ser considerado um catalisador do fechamento de um ciclo e o início de outro. 

Certa manhã, ela está em sua mesa de trabalho, quando doutor Yuri entra, dirigindo-se à ela:

- Morielle, hoje à noite, nós os solteirões do hospital vamos nos encontrar em um barzinho. Fazemos isso uma vez por mês. Vem com a gente.

- Doutor, agradeço o convite. Vou pensar com carinho.

- Bem, deixe-me ir, porque agora tenho o meu encontro semanal com homens que acompanho aqui no hospital...

O pequeno auditório do hospital está com um número razoável de homens. Doutor Yuri começa sua fala:

- Hoje meus amigos abordarei um tema pouco falado ou até negligenciado por nós, homens entre 40 e 55 anos que podemos sentir mudanças de humor e perda da energia, da libido e da agilidade física. Se esse for o seu caso, pode ser que esteja passando pela andropausa. Também chamada de “menopausa masculina”, a andropausa é marcada pela diminuição nos níveis de testosterona e seus sinais podem ser aliviados com algumas mudanças na rotina. Os níveis de testosterona variam entre os homens. No geral, os mais velhos têm esse hormônio em menor quantidade quando comparado aos mais novos. O nível de testosterona que circula no organismo pode ser medido por meio de um exame de sangue.

- Doutor, quais os sintomas da andropausa?  - Pergunta um dos participantes.

- Bem, meu amigo, pode ser a falta de energia e cansaço excessivo, sentimentos de tristeza frequentes, suores e ondas de calor, diminuição do desejo sexual, diminuição da capacidade de ereção, ausência de ereções espontâneas pela manhã, diminuição de pelos no corpo, incluindo na barba, diminuição da massa muscular, dificuldade de concentração e problemas de memória. A maior parte dos homens apresenta apenas alguns desses sintomas, mas é sempre importante consultar um endocrinologista ou um urologista, para avaliar a saúde e prevenir problemas de saúde, como osteoporose e a anemia, que também são comuns nessa fase da vida.

Todos escutam atentos e em um silêncio que dá para ouvir uma agulha cair ao chão. E o médico continua:

- O tratamento da andropausa, geralmente, é feito com o uso de medicamentos que aumentam os níveis de testosterona no sangue, através de comprimidos ou injeções, no entanto, o urologista ou o endocrinologista são os médicos que devem avaliar e indicar o tratamento mais adequado. Além disso, é ainda importante ter hábitos de vida saudáveis como fazer uma dieta equilibrada e variada, fazer exercícios duas ou três vezes por semana, dormir de sete a oito horas por noite. Em casos mais severos, em que o homem apresenta sinais de depressão, embora pode ser ainda necessário fazer psicoterapia ou iniciar o uso de antidepressivos.

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Emílio Figueira - Escritor

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades. Nas artes, no jornalismo, autor de uma vasta produção científica, é psicólogo, psicanalista, teólogo independente. Como escritor é dono de uma variada obra em livros impressos e digitais, passando de noventa títulos lançados. Hoje com cinco graduações e dois doutorados, Figueira foi professor e conferencista de pós-graduação, principalmente de temas que envolvem a Educação Inclusiva. Atualmente dedica-se a Escrever Literatura e Roteiros e projetos audiovisuais.

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