ABSTRTATO - Emílio Figueira / Março de 2000 - Técnica: Guache sobre papel cartão
Hoje, quando ele passou por um ponto de ônibus, sentado dentro do coletivo, não pode deixar de reparar numa moça de cabelos loiros compridos e crespos. Trajava uma miniblusa colorida, minissaia branca e meias pretas. Tinha uma bolsa pendurada no ombro direito e, com o esquerdo, apoiava-se na parede à espera de algum ônibus. Ele não sabia ao certo, mas achava que era ela.
Nesse momento, vieram as lembranças daquela vez em que saiu do trabalho e a viu no mesmo ônibus que ele sempre usava para voltar à vila em que morava. Ela era muito simples e também voltava para casa. Foi paixão à primeira vista que resultou na esperança e crença de um novo amor.
Relutou até que, por meio de um amigo (seu vizinho), foram apresentados num bailinho ali mesmo na vila durante um fim de semana. Conversaram e ela pediu-lhe para que fossem dançar. No cruzar dos olhos durante a música, nasceu o primeiro beijo. E, à noite, rolou...
Uma chave trancou a privacidade deles dentro de um quarto. Ele brindou o corpo nu daquela bela mulher, descobrindo o amor. Ela deu-lhe carinho, compreendo-o e acabando com a sua solidão o fazendo feliz. Depois, deixou que ela repousasse em seu peito. A cabeça dele já estava cansada e envolvida por todas àquelas emoções.
Essa menina lhe preencheu numa noite todo o vazio de anos. Desejou que fosse sempre sua, mas não...
Hoje, quando estava no ônibus número 410, voltando cansado para a vila depois de mais um dia de trabalho, viu-a num ponto esperando por outro ônibus. Certamente, estava de partida para algum ponto da cidade à ganhar a vida durante a noite!